No último dia de desfile começamos com Alexandre Herchcovitch em um desfile alá Charlie Chaplin gay, porém a elegância ficou com o papel principal.
“Alexandre Herchcovitch nasceu e cresceu na metrópole de São Paulo, no seio da comunidade judaica ortodoxa da capital paulistana.
Seu contato com o mundo da moda começou desde cedo em sua vida, com o convívio com sua mãe Regina, que o ensinou princípios básicos de costura. Aos dez anos, dava palpites sobre as roupas que a mãe, dona de uma pequena confecção de lingeries, vestia. Com a ajuda da mãe, aprendeu a trabalhar os ofícios da costura, trabalhando com a tesoura, agulha e linha.”
Review:
Por Erika Palomino (@erikapalomino)
Fazendo o penúltimo desfile de moda masculina do São Paulo Fashion Week, Alexandre Herchcovitch mostra por que é o melhor. Junta conceito, imagem de passarela, produto, moda… e desejo.
Impossível não ficar impactado pelo erotismo perverso do primeiro look: o modelo de náilon dourado portando um taco de baseball, óclinhos, sapato dourado e chapéu, meias beges esticadas. Frio na barriga.
Do moderno remix de Magritte, Charles Chaplin e Laranja Mecânica, sai uma coleção que deverá ser hit de venda e fazer parte do guarda-roupa de todo homem que queira se conectar com a moda nesta estação _tanto no Brasil quanto no mundo, já que muitos paletós e casacas garantem o uso nas estações alternadas em diferentes hemisférios.
A elegância e contemporaneidade da cartela são um assunto à parte, com os dourados e muitos neutros e marrons, trabalhados com pitadas de vinho e acesa por bordados em dourado e alguns brilhos.
As formas são simples e quase brutas, em seu essencial, com comprimentos encurtados tanto nas ótimas calças (soltonas e de cintura mais alta) quanto nas mangas dos casacos. Na estamparia, destacam-se a máxi padronagem que funde os três mundos da pesquisa, as listronas irônicas, os chapeuzinhos diminutos.
O rigor vem dos detalhes nas peças e nas sacadas de styling, como as deliciosas luvas douradas, os relógios de bolso, as pulseiras. Iconoclasta, Alexandre o tempo todo joga o clássico e o convencional contra o avant-garde, o transgressor. E nesta temporada em que o feminino faz o caminho contrário e tempera o masculino, aqui se evidencia também o domínio sobre a construção da imagem de passarela há tempos exercitado pela parceria profissional de Alexandre Herchcovitch e de Mauricio Ianes. Shirley Malmann, cabelo oculto sob o chapéu, trata da androginia que vemos nas ruas dos grandes centros do mundo.
Imagem resolvida, a fábrica agora deve resolver ombros e caimentos, que o prêt-à-porter dificulta, principalmente num trabalho com muito de alfaiataria, em materiais mais difíceis como o tafetá. Na tricoline, na malha e no linho, sem falar no náilon dos primeiros looks e no excepcional momento total black, não há muitos desafios a serem superados pela equipe. Para o consumidor, é só correr pra loja. E depois pro abraço.
Direção de casting: Roberta Marzolla
Styling: Maurício Ianês
Make up & hair: Celso Kamura
Trilha sonora: Max Blum
Fontes: